segunda-feira, 16 de novembro de 2015
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Colorindo canários amarelos com luteína
(Publicado na Revista Anual da SPCC –
Pelotas/RS)
Paulo
César Löf – Juiz FOB/OBJO
A canaricultura vem avançando dia a dia, e os pássaros levados a
concurso são cada vez melhores, mais selecionados, e, na maioria das vezes, os
vencedores se distanciam muito pouco dos demais, especialmente na linha clara,
onde os detalhes fazem a diferença.
Tenho visto muitos artigos sobre a coloração de canários
vermelhos e creio que esse assunto já está bem consolidado e as orientações
gerais são de conhecimento e acesso a todos os criadores interessados. Por
outro lado, tem me chamado a atenção não haver na mesma quantidade orientação
para a coloração correta dos canários amarelos (sem fator vermelho),
considerando-se que hoje os plantéis de concurso estão sujeitos a manejo e
alimentação específicos para a melhor expressão de seus campeões.
A COR DOS CANÁRIOS
AMARELOS
Na coloração dos canários amarelos de concurso, busca-se a
máxima expressão do lipocromo, através de sua qualidade-pureza e quantidade.
A pureza seria a tonalidade do lipocromo, que
nos amarelos (tanto marfins quanto clássicos) seria o tom amarelo limão,
afetado pelo fator ótico azul. Portanto, será penalizado tanto o amarelo
dourado quanto o amarelo apagado, em clássicos e marfins, e até mesmo o
lipocromo que se confunda com o amarelo clássico no caso dos marfins.
A quantidade está relacionada com a expressão do
lipocromo no pássaro. Quanto mais lipocromo houver na plumagem, melhor. Isso se
reflete na distribuição do mesmo. Nos intensos, haverá a distribuição uniforme
por toda a extensão das penas; nos nevados, haverá lipocromo até o início da
névoa e nos mosaicos, intensidade nas zonas de eleição. Por isso, pode haver
canários de péssima qualidade mas grande quantidade de lipocromo, e vice-versa.
OS ALIMENTOS E AS
DIFERENTES ESPÉCIES DE CORANTES
A alimentação dos canários, além dos ingredientes alimentares
como as proteínas, carboidratos, gorduras, possui pigmentos de origem vegetal –
os carotenoides, divididos em dois grupos: os carotenos e as xantofilas. O
caroteno só após ser quebrado por uma enzima e transformado em retinol (vit. A)
é reabsorvido, passa pelo fígado e se espalha pelo sistema circulatório, não
concorrendo, portanto, para a pigmentação do canário.
Para nossos pássaros, de maneira simplificada, as xantofilas são
os mais importantes pigmentos, e, entre essas, a luteína e a zeaxantina são as
que formam principalmente as cores desejadas em nossos amarelos.
A zeaxantina e a luteína, após serem ingeridas nos alimentos
fornecidos aos canários, passam facilmente pelas paredes intestinais e se
espalham pela corrente sanguínea, sendo que o seu principal veículo são os
lipídios ou gorduras, e por isso chamamos comumente de LIPOCROMOS as cores
desses pássaros.
Parte da luteína e da zeaxantina passa diretamente ao bulbo da
pluma em formação, para ser disponibilizada na plumagem, e parte acumula-se no
tecido adiposo do pássaro. Após ser transformadas, aderem à pele, onde se
formam as papilas das penas, e assim se fundem às plumas em formação, tornando
o canário amarelo.
Compreendido esse mecanismo de fixação do corante amarelo
através dessa simplificada explicação, é importante que seja compreendido
também como se fará com que os pássaros sejam coloridos da forma correta,
através dos alimentos que lhe forem fornecidos.
Tradicionalmente, os canários são alimentados com uma mistura de
sementes (composta de alpiste, aveia descascada, colza ou canola, nabão, linhaça,
perila, etc.), de uma farinhada feita de milho branco ou amarelo, arroz, farelo
de soja, ovos, frutas e verduras.
Pois bem. Se considerarmos que os principais pigmentos são a
zeaxantina e a luteína, também já devemos considerar que, atualmente, já se
percebeu que a tonalidade desejada aos nossos amarelos provém da utilização de
alimentos com alto teor de luteína e baixo teor de zeaxantina.
Como orientação e panorama geral com base no uso mais comum de
verduras no Brasil, é importante demonstrar os seus níveis aproximados,
conforme a tabela abaixo:
Alimento
|
Luteína por kg
|
Zeaxantina por kg
|
couve folhas
|
0,39 g
|
0,22 g
|
Espinafre
|
0,10 g
|
0,003 g
|
Brócolis
|
0,02 g
|
0,01 g
|
Milho in natura
|
5,00 g
|
7, 9 a 22,9 g
|
Milho cozido
|
2,79 a 5,47 g
|
11,0 g
|
Suco de laranja
|
0,004 g
|
0,008 g
|
Ovos
|
0,02 g
|
Muito variável
|
Assim, deve-se cuidar para que os canários recebam o alimento
que mais ressalte as suas qualidades cromáticas e menos interfira no resultado
tido como desejável pelo criador, ou seja, alimentos ricos em luteína e pobres
em zeaxantina.
AS
OBSERVAÇÕES FEITAS NA PRÁTICA
Atualmente, a luteína tem sido largamente utilizada como fonte
de pigmentos amarelos, e hoje, pode-se afirmar que os canários amarelos de
concurso de maior expressão são geralmente pigmentados com base nesse produto.
A zeaxantina, por seu turno, tem sido ligada às tonalidades
douradas ou pelo menos mais carregadas do lipocromo, com menos fatos ótico
azul, e por isso, alimentos como o milho amarelo tem sido cada vez mais
retirados da dieta dos canários sem fator, mesmo os marfins, que até há pouco
julgava-se beneficiados pelo lipocromo de tonalidade excessiva (ou passada,
como dizemos).
Como no caso do uso da cantaxantina na pigmentação dos canários
vermelhos, originalmente a pigmentação artificial de canários amarelos sofreu
uma resistência dos que acreditavam ser essa maléfica em relação à tonalidade
dos pássaros, porém, com seu uso e com a seleção em concursos dos pássaros para
a tonalidade ideal (o amarelo limão), houve a consolidação da sua utilização.
Ambos os corantes vermelho e amarelo foram produzidos e testados em sua origem
para a alimentação de galinhas poedeiras e de frangos, visando a pigmentação da
pele dos frangos e das gemas dos ovos, já que os alimentos fornecidos in natura
não conseguiam fazer com que houvesse coloração semelhante àquela obtida em
condições de vida natural.
Por outro lado, mesmo que difundido seu uso entre os criadores
mais experientes e atualmente com resultados comprovados, ainda há muitas
dúvidas acerca da forma de utilização e das dosagens empregadas.
Para tentar desvendar a real influência das dosagens de luteína,
foi conduzido um experimento em pássaros amarelos intensos e nevados, filhotes,
normais e marfins, selecionados, de padrão de concurso, alimentados durante 100
dias com farinhada completamente isenta de pigmentos amarelos, à qual foi
adicionada luteína na dosagem de 10 g/kg de farinhada pronta.
Esses pássaros não receberam outros alimentos ou grãos nesse
período.
Outros lotes de adultos selecionados no ano anterior pela sua
qualidade de lipocromo, todos de lipocromo aparentemente semelhante antes da
muda, foram manejados com a mesma farinhada, a mesma dosagem de luteína, e
receberam mistura de grãos tradicional (alpiste, canola, nabão, níger e
linhaça). Nenhum dos lotes recebeu verduras ou frutas de qualquer tipo.
Os resultados foram surpreendentes!
Em ambos os lotes, a imensa maioria dos pássaros apresentou
lipocromo amarelo vivo e brilhante, de padrão de concurso. Porém, surgiram
alguns pássaros de tonalidade abaixo do desejado (chamados de apagados) e acima
(chamados de passados), mesmo nos filhotes, onde, lembre-se, a única fonte de
alimentação era a farinhada pigmentada com luteína, o que exclui a
possibilidade de preferência na dieta. Ou comia, ou comia.
Na imagem abaixo, essa gradação é bem evidente: da esquerda para
direita, temos uma fêmea amarela nevada com coloração deficiente, uma com
coloração ideal e outra com coloração carregada. Não se analisa a categoria
(nevação), mas sim a variedade (cor de fundo amarela)
Uma das marcas de luteína resultou em canários fortemente
dourados no primeiro instante, revertida parcialmente em alguns após o
amadurecimento completo da plumagem, enquanto que com o uso de outra as plumas
já nasceram na tonalidade final e desejada de amarelo. Em outras palavras, em
uma as penas nasciam douradas e depois suavizavam em parte, ficando amarelas,
enquanto que em outra, com melhores resultados, as penas já nasceram na
tonalidade desejada e com superior uniformidade.
Em ambos os casos, houve
a arranquia de plumas quebradas ou mal coloridas das asas e cauda (rêmiges e
tetrizes), pois no ninho não foi fornecida a luteína. Também nesses dois casos,
houve grande variabilidade de pigmentação das penas longas da cauda e asas. Os
pássaros que apresentavam as caudas e asas mais bem coloridas provinham de
linhagens selecionadas com base também nesse critério. A alimentação com
luteína faz com que as plumas longas logicamente sejam mais pigmentadas do que
seriam sem o seu fornecimento, como se dá com as demais penas do pássaro, mas
não resulta em pássaros com a pigmentação ideal se não possuírem essa condição.
Esses dois lotes também
foram comparados com outro lote de canários que receberam, além de luteína,
verduras diariamente (couve, principalmente), e as impressões advindas dessas comparações são as
seguintes:
1º – Nem todos os pássaros são capazes de absorver e sintetizar
da mesma maneira a luteína fornecida através de suplementos, e, por isso,
alguns pássaros, mesmo que recebam a alimentação de maneira acertada poderão
apresentar lipocromo deficiente em tonalidade ou quantidade.
2º – As verduras, diante da presença de mais ou menos zeaxantina
e luteína, tornam mais difícil a seleção dos lipocromos, pois aparentemente
mascaram com a quantidade de lipocromo a sua falta de qualidade e,
principalmente, não se consegue manter uma alimentação com níveis constantes e
exatos de luteína;
3º – As fontes de luteína usadas como aditivo são altamente
variáveis na sua concentração e qualidade, e aparentemente, os veículos
utilizados para a sua diluição podem conter também altos níveis de zeaxantina;
4º – A seleção do plantel só poderá ser feita após a
padronização do uso desses aditivos e da alimentação dos pássaros, pois
qualquer variabilidade poderá gerar resultados indesejados.
5º – A pigmentação ideal das asas e caudas dos pássaros está
mais ligada à seleção das linhagens e indivíduos do que a alimentação.
6º – A quantidade da luteína a ser adicionada varia de acordo
com a dieta fornecida aos pássaros e a qualidade de sua fonte. Foram usadas dosagens
de 3 a 10 g/kg de farinhada seca.
Uma das vantagens do uso da luteína foi possibilitar a correta
pigmentação dos adultos após a cria, fazendo que possam ser reselecionados
conforme a sua qualidade de lipocromo e também que possam ser vendidos adequadamente
coloridos. Nos filhotes de ninho, a luteína adicionada à farinhada dos pais
reduz a necessidade de arranquia de plumas mal pigmentadas, traduzindo em bem
estar dos pássaros e adequada seleção dos exemplares que não forem destinados
aos concursos.
Dessa forma, a luteína resulta em uma forma prática e econômica
de pigmentação de canários amarelos, pois não exige do criador o gasto diário e
a estressante busca de verduras para adicionar na alimentação de seus pássaros,
ressaltando-se também que possibilita um esquema fácil de manejo e alimentação,
na qual os níveis de luteína serão constantes e não sujeitos a disponibilidades
e sazonalidades.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Mensagem de Natal !!
Amigos,
Que o mistério do natal possa renovar a tua fé e esperança no Deus-Amor. Esse sagrado momento que envolve toda a humanidade, seja contante em tua vida.
Um Santo e Feliz Natal do Senhor, e Um Ano Novo repleto de paz e saúde.
Abraço
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